o verde-escuro das folhas em silêncio
(algumas levemente movendo-se)
tocadas pela brisa da manhã
o silêncio da árvore
o seu estar ali
me falam do não-tempo de Deus
a árvore está sendo
em seu silêncio que me fala
do não-tempo (do em Si mesmo
de Deus onipassante
brincando no verde-escuro das folhas)
um pio de pássaro punge rasga o silêncio
e me insere no tempo
é Deus que brinca no tempo
quando se faz pássaro e pia
no silêncio das folhas
em seus brejeiros pios brincalhões
me vejo em gáudio e me brinco
com Deus (que brinca na manhã
onipassando e me vendo)
Ele me ama no não-tempo
do silêncio das folhas
me ama no pássaro
que me insere no tempo
Ele me ama e me ama e me ama
e eu me calo e me quedo tão vivo
repousando vivo no presente de Deus
Casa de Retiros Padre Anchieta, 24 de abril de 2010