sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

PERMANENTE IMPERMANÊNCIA

dói-me a cabeça porque a tenho
dói-me o meu corpo em que me habito
contínua febre calafrio 

dói-me a garganta áspera e seca


eis que me chega a irmã doença
sem me fazer mesmo um pedido
ela me chega: não me agito
ela me chega: eu a recebo

com ela vem o ensinamento
de que o que vem será bem-vindo
ela me traz o sábio ensino
tudo que há é impermanente

tudo o que nasce se fenece
todo formado é destruído
um dia são: outro enfermiço
hoje presente: após ausente

e só o Espírito (somente
Ele) Se faz permanecido

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

LIBERAÇÃO

as dualidades me aprisionam a alma
elas me encarceram em tudo que não é
o que não é (às vezes) me fascina
quando me entrego ao gozo das coisas

as coisas me entorpecem a alma
a alma se esquece de que as coisas não são
nas dualidades a dimensão das coisas
a ilusão das coisas
a prisão da alma nas coisas
antes (no paraíso) ia livre a alma
sem ter provado o fruto dual da árvore
a alma ia livre no vento
antes não havia tempo
só havia sol e bem-aventurança
as dualidades me aprisionam a alma
mas num corte no tempo a alma escapa no vento
deixa as dulidades todas
se vê una inteira bem-aventurad