sexta-feira, 15 de julho de 2022

A DOR QUE VEM

 a dor existe : rejeitá-la é tolo

já que ela insiste : chega sem aviso

o que cálido cala : se faz frio
o que prazer se apraz desprazeroso
a dor existe : rejeitá-la é engodo
já que ela insiste : chega sem motivo
torna sem vida aquilo que era vivo
faz de amargo o que agora saboroso
a dor existe : rejeitá-la é tolo
já que ela insiste : chega sem aviso
a dor existe : ao rejeitá-la eu corro
corro o risco de dar-lhe novo viço
sofrê-la mais por esse viço novo
a dor existe : rejeitá-la é bobo
já que ela insiste e vem ao meu abrigo
no tempo em que ela quer mora comigo
há pois de amar a dor correndo o risco
de que ela more além do permitido

sexta-feira, 29 de abril de 2022

DIVINO ENCONTRO

 encontro Deus no ar e Deus respiro

Deus nas águas do mar em que me banho

no choro da criança e no sorriso

em toda dor que é vinda sem aviso


encontro Deus nos olhos do mendigo

nos opressores e nos oprimidos

encontro Deus nas formas escondido

encontro Deus nos santos nos bandidos


encontro Deus a todo instante vivo

Deus sempre posto ali no meu caminho

Deus a voar no voo do passarinho

Deus nos amigos Deus nos inimigos

lá na nuvem do céu e aqui no chão

debaixo dos meus pés em Deus eu piso

encontro Deus em cada meu irmão


além do mais há Deus que vi comigo

encontro Deus aqui no coração

APARÊNCIA

 quando cheguei trazia ainda comigo

o sorriso de Deus em meu sorriso

e nesse corpo em que me vejo vivo

morava Deus o mesmo que eu habito

e que habita nas plantas pedras bichos


isso eu esqueço sinto-me no exílio

um exílio aparente então me aflijo

pela aparência todo confundido

sem perceber o jogo em mim divino


quando cheguei supus que era o princípio

supor que existe um fim deixa-me aflito

quando cheguei cheguei todo despido

vestido apenas do meu corpo físico


eu vim de longe lá do eterno abismo

eu vim da luz da luz do que é espírito

era infinito me senti finito

era desperto me encontrei dormindo

era completo agora me limito 

terça-feira, 1 de março de 2022

PARA MAYA

passeava Deus pelos jardins do céu
descalço Deus desliza nas alamedas do céu
diante das flores Ele para e as contempla
sente a fragrância das flores do céu
toca nas pétalas que Ele mesmo tecera
faz carinho nas flores com suas mãos de Deus
escolhe entre as flores uma florzinha bela
pequena pequenina essa florzinha bela
olha a florzinha com seus olhos de Deus
já da boca de Deus jorram ternas palavras
elas bendizem a florzinha bela
que olha pra Deus a sorrir como somente as flores
depois Ele toma entre os dedos a flor
com leveza a florzinha está nas mãos de Deus
sobre a florzinha o sopro e a florzinha voa
atravessa as estradas das estrelas
mansamente ela voa e vem

Maya é o nome da flor que vem docéu 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

PARA YURI


contemplo esse rostinho

agora recém-findo

nesse rosto diviso

o rosto do infinito

nesse rostinho sinto

o mistério divino


contemplo esse rostinho

com ele me extasio

é belo esse rostinho

que preenche o vazio

todo assim preenchido

do mistério divino


contemplo esse rostinho

prenúncio de um sorriso

dom por mim recebido

que vai brotar pressinto

no rosto tão bonito

no rosto do menino 

APARÊNCIA

 quando cheguei trazia ainda comigo

o sorriso de Deus pleno sorriso
e nesse corpo em que me vejo vivo
morava Deus o mesmo que eu habito
e habita em tudo plantas pedras bichos
isso eu esqueço sinto-me no exílio
um exílio aparente então me aflijo
pela aparência todo confundido
sem mais saber do jogo em mim divino
quando cheguei supus que era o princípio
supor que existe um fim deixa-me aflito
quando cheguei cheguei todo despido
vestido apenas do meu corpo físico
eu vim de longe lá do eterno abismo
eu vim da luz da luz do que é espírito
era infinito me senti finito
era desperto me encontrei dormindo
era completo agora me limito