sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

(NÃO) DUALISMO

como se ama o Sem Nome
O que não tem rosto
O que não tem olhos de ver-me?

além do além o Sem Nome
permanece impassível e só Ele é

de quando em vez o Sem Nome vem
vem num rosto que tem olhos de ver-me

então Ele me ama
me chamando de filho
eu o chamo de Mãe

entre mim e o Sem Nome
vai-se tecendo o amor
que me faz ver tudo que há
com os olhos d'Ele

isso me basta: o amor
isso me alegra: o amor
acho mesmo que o Sem Nome é amor
mas gosto muito de chamá-Lo de Mãe

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

MEU NATAL

aquela estrela
vai pelo espaço
da minha alma
mago eu a sigo
e porque a sigo
volto pra casa

na minha casa
'stá o Menino
recém-nascido
me estende os braços
faço-lhe afagos
ganho um sorriso

digo ao Menino
que em mim habita:
sou Teu amigo
fica por perto
mora comigo
por toda a vida

como devoto
peço ao Menino
que me abençoe
prostro-me diante
desse Menino
que é quem eu sou

e a alma canta
e a alma dança
e a alma livre
livre se encanta
porque o Menino
nela reside

contemplo a Alma
da minha alma
a Alma é o Menino
n'Ele me encontro
d'Ele me nutro
com Ele eu brinco

domingo, 11 de dezembro de 2011

RESSURREIÇÃO

renasce a criação no álacre canto
do galo que me traz (no canto) o dia
refeito o corpo agora do cansaço
a alma vai leve e canta e se extasia

por uma noite amena repousara
o corpo ( a alma absorta na alegria
de se saber amada exulta e canta
à vida que de novo principia)

eis-me em casa de irmãos (é minha casa)
no coração desses irmãos a vida
de Deus me é dada e dela me sacio
por tudo e em tudo a Ele agradecido

renasce a criação (no ar que respiro
nos sons serenos na água em que me banho
em tudo há paz e a mais suave harmonia)

renasce a criação e a Deus bendigo
ao receber o amor de meus amigos
no início da manhã de um novo dia

(Pendotiba, 11/12/2011)

sábado, 3 de dezembro de 2011

EM TUDO

a mãe ensina o filho
a ver Jesus no outro
a ver Jesus: que é Deus

o filho olha a barata
vai matar a barata
subitamente para

vê Jesus na barata
depois conta pra mãe
a mãe acha uma graça

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

GAIVOTAS

antes quando eu passeava pela praia
e andava perto delas
as gaivotas assustadas fugiam de mim

corriam ágeis pela areia e voavam
porque em mim ainda havia medo
esse medo que havia
desperta o medo das gaivotas por mim

outro dia passei perto delas
as gaivotas não corriam ágeis pela praia
as gaivotas não voavam com medo
não fugiam de mim

é que eu ia com a alma imersa em Deus
onde o medo em mim?
mergulhada em Deus a alma ia livre do medo
pés mãos mar areia tudo integrado em Deus
havia um vento alegre caminhando comigo

eu e as gaivotas vivemos a unidade em Deus
eu recordava o Cristo a nos dizer: "Amai-vos"

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

PASSAGEM

quando meu corpo estiver morto
rijo e deitado num caixão
eu quereria que em meu corpo
rosto sombrio houvesse não

pois não sou corpo: eu sou o sopro
de Deus (ser corpo é uma ilusão)
passo do corpo a Deus com gosto
desfaço os laços da prisão
haja um sorriso no meu rosto