sábado, 19 de dezembro de 2015

NO PENSAMENTO DE DEUS

eu estava ali no pensamento de Deus
eu eral ali (eu era o pensamento)
ali eu corria eu sorria brincava de esconde-esconde
ali não havia o tempo
não havia o tempo no pensamento de Deus
eu sou feliz no pensamento de Deus
era feliz: porque um dia
eu mergulho no tempo e me visto do corpo
no tempo me esqueço do pensamento de Deus
no tempo eu me sinto finito
há desconforto e medo
agora que estou fora do pensamento de Deus
mas súbito eu percebo que o tempo
é tão-somente brincadeira de Deus
então volto a correr e a sorrir (no tempo)
volto a brincar de esconde-esconde em Deus
então percebo que é ilusão o tempo
que sempre sou o pensamento de Deus

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O NATAL DO MENINO

menino Jesus deusinho
nascido assim pobrezinho
entre as palhas do capim
nasça de novo Menino
nascer sempre é o Seu destino
nasça novamente sim
menino Deus pequenino
nasça e que se toque o sino
que o toque não tenha fim
quando eu me sinto sozinho
Jesus nasce e esse carinho
faz que eu não me sinta assim
deusinho Jesus menino
nascido assim pequenino
como as flores no jardim
o meu coração é o ninho
do menino-passarinho
que voa dentro de mim

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

SUAVE MILAGRE

no solo fértil da filha
fecundado pelo filho
duas sementes unindo-se
fazem-se fruto bendito

fruto do amor renascido
do amor humano e divino
renascido em carne o Espírito
em novo corpo do Cristo

no solo fértil da filha
fecundado pelo filho
o Ser eterno-infinito
faz-se todo pequenino

Deus num gesto de carinho
habita o solo da filha
solo que se sacraliza
o solo da filha é um ninho
em que Deus-fruto se abriga
para o momento da vinda

domingo, 8 de novembro de 2015

PELA MINHA ALMA

na água de minha boca
o corpo de Deus Se torna líquido
e líquido me alaga a alma de luz

Ele fica ali sobre a minha língua
quietinho e expectante
não O mastigo não O trituro não bulo com Deus
Ele vai pouco a pouco em Seu corpo de trigo
misturando-Se à água em minha boca
até que se faz líquido
e líquido me alga a alma de luz

na água de minha boca
o corpo de Deus Se banha
o corpo de Deus boia em minha boca
liquefaz-se na boca
escorre por minha garganta
passeia por minha alma
passei líquido por minha alma
e líquido me alaga a alma de luz

terça-feira, 3 de novembro de 2015

MORADA

eu moro no coração de Deus
no misericordioso coração de Deus
no coração que pulsa ao compasso da vida

eu me expando e me contraio no coração de Deus
eu brinco ali porque ali é brinquedo
no coração de Deus há múltiplos folguedos

eu nem nasço nem morro no coração de Deus
eu vivo desde sempre
eu vivo aquém do tempo no coração de Deus

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

POEMINHA PRA SOSSÔ

era o fim de um dia
novo dia vinha
(dia consagrado a
santa teresinha)

eis que esplendoroso
nesse dia novo
o anjo adentra o quarto
e ele me anuncia
que era já chegada
nessa madrugada
outro anjo: Sophia

lágrimas me escorrem
pela alma encantada
nessa madrugada
translúcida e calma
para encher-me a alma
de doce alegria

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

ALMAS NA MANHÃ

nessa manhã havia dor
havia nessa manhã a dor dos seus filhos
os filhos choram a perda essa perda do pai
contemplam filhos o corpo inerte do pai
sabem que ele ali não está (a alma se foi)
pra onde se foi a alma do pai?
pra alma dos filhos foi a alma do pai
o pai vai morar em alma na alma dos filhos
a alma do pai se divide
nessas almas se semeia a do pai (ele vive)
também vive no ar no azul no azul do céu no céu
vive no céu com Jesus e com a Virgem Maria
vive com todos os santos e com todos os anjos
vive no alvorecer do dia e no cair da noite
diáfanas as almas se entrelaçam
nessa manhã havia a dor dos filhos
as mãos de Deus nessa manhã havia
as mãos de Deus entrelaçando as almas

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

MIRA

mira a beleza de um novo dia
de um sol chegando (de um sol nascente)
mira a beleza da alma da gente
do sol que nela brilha contente
da luz eterna que ele irradia
mira e admira da ave o seu canto
o riso alegre de uma criança
que em nossas almas faz bulha e dança
mira em tua alma a doce esperança
num dia novo de novo encanto
mira quem mira nos olhos vida
vida abundante plena bonita
e nesses olhos contempla e fita
pra que tua alma sempre reflita
a luz eterna nunca escondida
Mira: recebe este meu carinho
e que tua vida seja bendita
e que haja luz pelo teu caminho

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

ETERNO SOL

há um sol que não se põe
em toda forma de vida
sol que a tudo clarifica
que sempre está: nunca surge

há luz no ventre do escuro
mesmo se aos olhos não brilha
mesmo que não seja vista
mesmo se ausência parece

o sol que há sempre aquece
coisa nem sempre sentida
sol de que a vida irradia
eterna plena infinita

há luz que não foi criada
que não pode ser medida
que não se vê residida
no âmago das criaturas
percebê-la fonte é a meta
fim de todas as procuras

domingo, 19 de julho de 2015

UNO

havia no ar uma alegria clara
ao ver-te em teus caminhos percorridos
ao recordar-te o sonho e o teu destino
ver-te que aos nossos olhos te mostravas
das imagens nos gestos e nas falas
no teu jeito travesso de menino

eras tu mesmo em nós (que em nós estavas)
em teus ensinamentos teu sorriso
em teu olhar translúcido tranquilo
nas divinas palavras que falavas
no amor denso e sereno com que amavas
nos passos que tu deste em teus caminhos

havia tantos corpos tantas almas
mas na verdade era um só corpo e espírito
um só desejo: o de dizer-te amigo
que em nosso coração fazes morada
que em nosso coração (a nossa casa)
ali te encontras para sempre vivo




quarta-feira, 1 de julho de 2015

REBEKAH

entre os meninos o brilho
de Sol brilha na menina
nos olhos da pequenina
o brilho de Sol cintila
ela veio do infinito
numa abençoada vinda
numa esplêndida descida
portadora da alegria
veio pra dizer que a vida
na sua vinda se afirma
posto que essa vida brilha
brilha um brilho tão bonito
veio mostrar o caminho
luminoso e cristalino
pois sendo da luz nascida
trouxe ao mundo a luz tão linda
trouxe ao mundo todo o brilho
que emana da luz divina

domingo, 28 de junho de 2015

EUCARISTIA

na eucaristia há o sabor do céu
há o sabor de Deus
há o sabor da alegria de Deus
o sabor da estrelinha que pisca no céu
sabor dos jogos e folguedos de Deus

na eucaristia há o sabor da memória do céu
quando eu vivia lá pertinho de Deus
ela me traz a presença de Deus
faz do meu coração o céu

na eucaristia há o sabor d'O que é santo
o sabor imenso de Deus
o imenso sabor do amor de Deus
sabor de eu me sentir todo amado por Deus

na eucaristia há um pedaço do céu
há todo o céu no pedaço do céu
há todo Deus no pedaço de Deus
há o sabor da lembrança
da criança que eu sou (da criança de Deus)

terça-feira, 12 de maio de 2015

NÃO EU

a vida é que me vive: está contida
em cada forma viva que é vivida
pela única vida: que me habita
e a habita as formas (sua moradia)

a vida não começa nem termina
nada é o oposto ao que chamamos vida
por isso a morte não a contraria
pois como eterna nunca foi nascida

não eu mas Cristo: o apóstolo dizia
assim dizia: não sou eu que vivo
o Cristo diz que Ele é verdade e vida
não eu portanto: é a vida que me vive

nas inúmeras formas ela brinca
nos grãos de areia nas estrelas brinca
porque não tem chegada nem partida
as formas vão e vêm mas ela fica

em toda parte está: sendo infinita
é fonte de si mesma acontecida

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A FONTE

nesta manhã em que há cinza no céu
e a luz do sol vai pálida no céu
dentro de mim tenho a saudade do céu
desejo ser a criança de Deus

dá-me (Senhor do Amor) essa alegria do céu
dá-me a alegria da criança de Deus
que nada indaga de Ti mas acorda e caminha
nos caminhos libertos do medo e da cobiça

pra ela a vida é gostoso folquedo
brinquedo que recebe dádiva do céu
dá-me (Senhor do Amor) essa alegria de Deus

nesta manhã almejo ser criança
confiante e serena e travessa
preenchida tão-somente de Deus
a criança que tem sede de Deus
e a água vai buscar lá na fonte do Espírito
do Espírito Santo enviado do céu
a criança que acorda pro parquinho de Deus

segunda-feira, 20 de abril de 2015

MAMÃE DE DEUS

o Deus invisível
olhava as criaturas
visíveis: notava
a enorme alegria
quando essas criaturas
diziam MAMÃE

no colo da mãe
humanas criaturas
contentes sorriem
nos braços da mãe
se sentem seguras
debaixo do olhar
suave das mães
se sentem felizes

o Deus invisível
criara as criaturas
e todas as mães
as mães Ele criara
para nelas ver-Se
pois criara as mães
como imagem Sua
d'Ele que ama todas
as Suas criaturas
mesmo sem motivo
só por serem filhos

nesse amor de mãe
por Seus filhos via
(o Deus invisível)
Ele a Si Se via
contente sorria
sorria feliz

então certo dia
o Deus invisível
quis ter a alegria
da humana criatura
aí Ele veio
como nenenzinho
pra ter o gostinho
de olhar pra Maria
e dizer MAMÃE

sexta-feira, 17 de abril de 2015

IMENSO

as palavras não dizem d'O que é Deus
as palavras limitam-se ao que meço
ao que tem peso e pode ser pensado
Deus não tem peso e é todo ilimitado
não cabe no universo do que eu falo

devo buscar a não-palavra e o faço
na linguagem do poema ou no silêncio
no silêncio de dentro eu me descanso
das palavras em que me aprisionava
sem sentir o sabor d'O que Ele é

fecho meus olhos e entro no silêncio
comigo nada levo exceto a fé
e navego o silêncio por instantes
à procura de Deus que nas palavras
Se esvazia de Si torna-se ideia

emudeço e navego no Mistério
vou além das palavras nada penso
tão simplesmente a Deus eu me ofereço

sexta-feira, 10 de abril de 2015

BALADA PARA O POBRE DE ASSIS

(Poema escrito no dia 4 de outubro de 1988)

Em Assis, um dia,
Nasce uma criança
Que depois seria
Jovem gastador...
Vinhos, melodias,
Noites maldormidas,
Risos, fantasias...
Em Assis, um dia,
Nasce uma criança
Que depois seria
Jovem gastador...
Pouco a pouco o jovem
Já se percebia
Sempre insatisfeito:
Vida em si vazia,
Parte para a luta
Porque pretendia
Realizar conquistas,
Preencher seus dias.
Em Assis, um dia,
Nasce uma criança
Que depois seria
Jovem gastador...
Ferem-no na guerra,
Nem andar podia.
Fica numa cela,
Volta, e a mãe o guia,
Dando-lhe guarida.
Em Assis, um dia,
Nasce uma criança
Que depois seria
Jovem gastador...
Mas durante os tempos
Duros de agonia,
Começava a ver
O que ainda não via
E também a ouvir
O que nunca ouvira
E mesmo a sentir
O que não sentia.
Em Assis, um dia,
Nasce uma criança
Que depois seria
Jovem gastador...

Eis que certo dia,
Indo pela estrada
(Sem mercadoria,
Toda já vendida)
Vê quem lhe pedia
Mais do que uma esmola.
Quem o entenderia?
Esse jovem pródigo
Dar ao homem ia
Moedas da sacola
- Moedas de ouro, frias-
Quando no seu peito
Surge a voz que ouvia.
Desce do cavalo,
Deixa a montaria,
Achega-se ao homem,
- Lepra corroía
Suas carnes fétidas -
E nem parecia
Ser leprosa a pele
De quem lhe pedia...
Pois beija seu rosto,
Pleno de alegia,
Dando alento ao homem
- Que era o que queria -.
Em Assis, um dia,
Nasce uma criança
Que depois seria
Jovem gastador...

Transformar-se-ia
(Ao beijar a face
Que a lepra comia)
Em humilde servo
Que a Deus serviria
Na dor do irmão pobre
Por quem viveria.
Em Assis, um dia,
Nasce uma criança
Que depois seria
Jovem gastador...
Tanto mudaria
Sua vida um beijo,
Porque ele sabia
Que beijara o Cristo
- Filho de Maria -
Nessa face do homem
Que esmolas pedia.
Desde então o jovem
Festas repudia
E ao que é vão no mundo
Ele renuncia.
Despojar-se quer,
Nada o prenderia.
Livre para Deus,
Só de Deus seria
No serviço ao pobre
Por quem já vivia.

"Restaure-Me a Igreja",
Cristo lhe diria
Na modesta ermida...
Logo ele partia
Para catar pedras
Com as quais faria
O que ele julgava
Cristo lhe exigia.
"Restaure-Me a Igreja",
Cristo lhe pedia,
E ele, finalmente,
Compreenderia...
"Restaure-me a Igreja,
O espírito"... pedia
O Mestre ao discípulo.

E o jovem de Assis
Que já fora, um dia,
Jovem gastador,
Para nós se fez
Voz, presença viva
De Jesus Senhor!


segunda-feira, 30 de março de 2015

LOUCURA

quero a loucura de são Francisco
doce loucura do irmão que é livre
que sem apegos e amarras vive
que louco fala à pedra e fala aos bichos

quero a loucura do pobrezinho
de pés descalços e que é mendigo
que todo entregue ao Senhor da Vida
pássaro voa alegre e não tem ninho

quero a loucura desse menino
que canta e dança e que louva e brinca
que quando canta me pacifica
e a Deus confia todo o seu destino

quero a loucura de são Francisco
de amar e a tudo dizer bem-vindo
quero a loucura quero a delícia
que me liberta o espírito cativo

que o torna leve que o torna vivo
quero a loucura de quem vive em Cristo

segunda-feira, 23 de março de 2015

COMO DIZER

como dizer quem é Jesus
sem não dizer o que foi dito
dizer que é o nosso Rei Bendito
Senhor da Glória Deus da Luz
O Bom Pastor Verbo Encarnado
Deus Salvador o Filho Amado
como dizer quem é Jesus

como dizer quem é Jesus
tudo foi dito por primeiro
Princípio e Fim Manso Cordeiro
que ao Pai Eterno nos conduz
Reto Juiz Deus Humanado
Sol da Justiça glorificado
como dizer quem é Jesus

deixar que o próprio Rei Jesus
 venha habitar meu coração
viver Jesus vivê-Lo então
viver no Amor amar a Cruz
viver a Dor do Abandonado
viver Jesus Ressuscitado
e assim dizer quem é Jesus

terça-feira, 17 de março de 2015

HERMÓGENES

buscarei as palavras na alma
bem no centro da alma
na luz que fulge ali nesse centro
que está sendo o que somos o eterno o que vive

buscarei as palavras maturadas na alma
germinadas no centro da alma
germinadas na luz que fulge ali
residente na alma luz verdade e caminho

buscarei as palavras para além dos seus sons
no seu pleno sentido
preenchidas de vida
dessa vida que pulsa infinita
que nunca foi nascida
que se escapa do tempo e jamais se confina

buscarei as palavras pra que elas plenas vivas
a ti falem do amor que te temos amigo
lá no além das palavras no silêncio divino
saberemos serenos que não houve partida

FACES

há o faminto que habita em mim
há o sedento em mim
o sedento da Graça
o sedento da Bem-Aventurança
uma criança aflita à procura de colo
de um colo dadivoso de mãe
uma criança aflita que habita em mim
e chora não de birra pois carece do colo
do terno e cálido colo da mãe

há um mendicante em mim cuja mão estendida
toda vazia estende-se pra Deus
porque tem fome
porque tem sede de Deus

há o arrogante em mim
que pensa não ter fome de Deus
aprisionado ao medo de não ser amado
o arrogante em verdade é o faminto
o sedento a criança aflita o filho amado de Deus

AFEIÇÕES

 eu fico imaginando a afeição de Deus
o cuidado de Deus com as coisas criadas
todas as coisas que Ele criou tirando-as do nada
todas as coisas que vivem porque Deus nelas vive

eu fico imaginando os pensamentos de Deus
o fluxo dos pensamentos de Deus
abençoando bendizendo as obras de Sua criação
cuidando de todos do ar da água do fogo da terra
cuidando da terra e dos frutos da terra
cuidando do Espírito (Ele mesmo) nas coisas
movendo-Se entre elas em divertido jogo

eu fico imaginando e mais do que isso sentindo
a perene presença de Deus na alma que vive
nesta forma que tenho impermanente
efêmera forma dom de Deus presente

aí então percebo que a alegria das formas
é partilhar com todos a afeição de Deus

sábado, 31 de janeiro de 2015

HISTÓRIA DE UM ANJO

houve uma vez em quele disse a Deus
já farto estou das nuvens em que brinco
farto das brincadeiras que repito
quero saber o que há além do céu
quero descer na poeira das estrelas
escorregar na cauda dos cometas
me balançar nos astros que cintilam
quero inventar as novas brincadeiras
descobrir mundo novo onde recrio
a vida a cada dia (disse a Deus)

Deus todo-compreensivo consentia
que ele deixasse as nuvens lá do céu
caminhasse na poeira das estrelas
até chegar à terra desejada

agora sim não lhe faltava nada
pois conhecia já a terra e o céu
e pra não se esquecer de quem ele era
aqui na terra chama-se Miguel

DEUS CONCRETO

abro a cortina: o encontro do concreto
interditando espaços que antes via
de início a sensação de que estou preso
emparedado encarcerado alheio
aos espaços que havia (uma surpresa)

a paisagem de outrora agora cinza
áspera dura tão sem cores fria
dá-me de início a sólida certeza
de que a prisão é mesmo o meu destino
o destino da humana criatura
do humano coração que todo aflito
acorda a cada dia na procura
de que não haja mais prisões no mundo

de início a sensação quase de angústia
mas súbito a visão vara o concreto
vê para além das formas que a encarceram
no concreto vê Deus e ama o concreto
vê Deus nesse concreto e se extasia

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Poema para Fernando

em Fernando o amor
se faz menino e vem
alumbrar nosso sonho
iluminá-lo dessa luz criança
anunciar que a vida é bonita
germinada do sopro de Deus
e se faz corpo num corpo
mais que corpo (sacrário)

em Fernando a vida se anuncia dádiva
se anuncia graça
júbilo alegria
ele vem clarear nossa noite
transfigurar nosso dia
nosso rosto povoar de sorriso

em Fernando há o toque divino
a vontade divina
a serena presença de Deus
do Deus que um dia também veio menino

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

DESMEDO

no menino havia medo
medo no menino que eu
porquanto Deus se escondera
ia o menino sem Deus

não que Deus houvesse ido
do menino (Deus não chega
nem Se vai) permanecera
mas era como se agora
Deus permanecesse alheio
ao menino com seu medo
sentindo Deus todo ausente

eis que então subitamente
Deus no menino movendo-Se
diz ao menino: sou Eu
pega-me assim pela mão
aquece meu coração
faz-me saber que eu sou Deus