segunda-feira, 4 de abril de 2011

PERDÃO

minha vó Celina
se estivesse na veste
carne ossos cartilagens sumos
completaria hoje 100 anos mais 11

mas vovó se foi
já faz bastantes anos que vovó se foi
eu sinto vó Celina ainda perto de mim

ontem antes de dormir
me surgiu no coração um pensamento
amanhã vovó faria 111 anos
achei o número tão engraçadinho
que me veio escrever o poema

minha vó Celina foi somente criança
gostava de ver desenho animado
na matinê do cinema Metro (lá em Copacabana)
quando a sessão acabava
vó Celina perguntava pra mim
pra Eliana e pro Duiugue
se a gente queria ver de novo a fita
(era assim que vó Celina dizia)
e nós 4 ficávamos ali nos amando

de tudo que ela me ensinou
há uma coisa que carrego comigo
como tesouro mais precioso
vó Celina me ensinou a perdoar
perdoava todas as minhas impertinências
perdoava as minhas palavras
tantas vezes ásperas de adolescente rebelde
perdoava o não-carinho que eu tantas vezes lhe fiz

mas ela sempre perdoava
Deus foi quem me deu essa vó tão linda

2 comentários:

  1. perfeito, meu amigo! agora estou por aqui, para poder apreciar e comentar suas sempre belas palavras!

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  2. Lindo texto, tio Eraldo, como tudo o que escreve, que jorra diretamente do coração. Por um momento senti que conhecia a vó Celina, tão semelhante ela é com qualquer vozinha, e, ao mesmo tempo, tão diferente, pelos olhos do coração de neto, que torna tudo tão ímpar e especial. Eternizado. Que Deus a tenha... junto com as minhas e com meu pai. Beijos.

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