entre o chão onde piso
e o leito de hospital em Santarém
há o carinho que transborda de mim
por quem nesse leito se alimenta de dor
espera o momento de ir-se
como as folhas e as flores se vão
como se vão os pássaros
como também as ondas na praia e as nuvens no céu
há um corpo a ser deixado ali
por uma alma sensível e bendita de Deus
uma alma em que brilha o brilho de Deus
uma alma de pai que fez cativo
o coração do filho há tempos idos
ao me falar em Deus de um modo tão bonito
a dor do pai é minha de momento a momento
dor do grão que falece pra tornar-se vida
dor da mulher que geme a chegada do filho
dor do rio que corre pra fundir-se ao mar
há um amor pairando além de tudo
no silêncio de dentro me conforta e me diz
todas as coisas são sonhos
só esse amor (a quem chamam de Deus) é real
Quanto amor em forma de sensibilidade!
ResponderExcluirSer poeta é ver o belo mesmo quando as nuvens de chuva chegam!!!!